A investigação realizada nas últimas duas décadas apoia amplamente a afirmação de que a prática de mindfulness reduz o stress e promove saúde, uma vez que exerce efeitos benéficos na saúde física e mental e no desempenho cognitivo. Estudos recentes de neuroimagem começaram a descobrir as áreas e redes cerebrais que medeiam esses efeitos positivos.
No entanto, os mecanismos neurais subjacentes permanecem obscuros e é evidente que são necessários estudos metodologicamente mais rigorosos para uma compreensão completa das bases neuronais e moleculares das mudanças no cérebro que acompanham a prática de mindfulness.
Pontos chave
O mecanismo através do qual a prática de mindfulness (atenção plena) exerce os seus efeitos é um processo de autorregulação, incluindo controlo da atenção, regulação emocional e autoconsciência.
Uma série de mudanças na estrutura cerebral foram verificadas na prática de mindfulness:
- A prática da atenção plena aumenta a atenção. O córtex cingulado anterior é a região associada à atenção na qual as mudanças na atividade e/ou estrutura em resposta à prática de mindfulness são relatadas de forma mais consistente.
- A prática da atenção plena melhora a regulação emocional e reduz o stress. As redes fronto-límbicas envolvidas nestes processos mostram vários padrões de envolvimento pela prática de mindfulness.
- A prática apresenta o potencial de afetar o processamento autorreferencial e melhorar a consciência do momento presente. As redes de modo padrão – incluindo o córtex pré-frontal da linha média e o córtex cingulado posterior, que apoiam a autoconsciência – poderiam ser alteradas após o treino de atenção plena.
- O mindfulness tem potencial para o tratamento de distúrbios clínicos e pode facilitar a cultura de uma mente saudável e aumentar o bem-estar.
As pesquisas futuras sobre o mindfulness devem usar estudos rigorosos e ativamente controlados com amostras grandes para validar as descobertas anteriores.
Os efeitos da prática da atenção plena na estrutura e função neural ligados ao desempenho comportamental, como o funcionamento cognitivo, afetivo e social, deverão ser corroborados em pesquisas futuras.
Referência bibliográfica:
“The Neuroscience of Mindfulness Meditation” por Yi-Yuan Tang, Britta K. Hölzel e Michael I. Posner. Nat Rev Neurosci
. 2015 Apr;16(4):213-25. doi: 10.1038/nrn3916. Epub 2015 Mar 18.